04/10/2010
O candidato a Globetrotter, Leandro Lima, já conheceu de perto o time de basquete mais famoso do mundo. No ano passo, ele e mais dois atletas da CUFA, a Central Única das Favelas, foram para a Europa para ver de perto algumas partidas e treinar com os Harlem.
Hoje ele solta o verbo e fala de sua vida, seu amor pelo basquete e como está se preparando para este grande desafio. A tarefa não será fácil, já que disputará com outros nove fortes candidatos, mas ele promete muito empenho.
Começando por Leandro, a cada dia saberemos um pouco mais sobre cada um dos candidatos a Globetrotter Brasileiro.
Por quê você joga basquete?
Amo esse esporte! Não sei o que seria de mim sem o basquete. A maioria dos meus amigos conheci no esporte. Trabalho, escola, faculdade, quase tudo devo ao basquete.
Venho de um lugar onde a criminalidade reina e, não fosse o basquete, poderia ser só mais um no mundo do crime. Sem estudo, mãe trabalhando fora, amigos e parentes envolvidos no tráfico, pouco dinheiro…
Hoje, minha mãe tem orgulho de mim. Comecei a faculdade e tenho um trabalho digno, consigo manter minha família. Enquanto tiver fôlego, estarei nas quadras jogando basquete.
Como conheceu os Harlem Globetrotters?
Conheci pela televisão e internet. Comecei a jogar com 18 anos, por isso não tive muito envolvimento com o esporte quando criança. Já tinha ouvido falar, mas não tinha muito interesse. Depois que me apaixonei pelo basquete é que fui conhecer a NBA, o Streetball e os Globetrotters.
Conheci um pouco melhor o trabalho deles no ano passado, quando tive a oportunidade de acompanhá-los em uma turnê na Europa, onde tive o privilegio de assistir vários espetáculos. Foi uma experiência incrível mas, até então, era um mundo muito longe da minha realidade.
Eu, morador da favela da Rocinha, virar um Globetrotter? Só em sonho mesmo!
Mas aí surgiu esta oportunidade de outro planeta, que pretendo agarrar com todas as minhas forças! Sei de onde vim e sei aonde quero chegar.
Ser um dos Globetrotters… confesso que não esperava tanto. Mas se estou aqui é porque mereço, e vou ganhar essa vaga no time.
Por quê quer ser um Globetrotter ?
Nunca pensei em ser um Globetrotter. Nunca sequer imaginei pensar nisto. Quando viajei com eles, estive muito perto dos shows, atletas, comissão e os envolvidos nos espetáculos. Mas, ainda assim, não pensava em ser um deles.
Os atletas interpretando, saltando, driblando… Nossa! Era incrível! Sei do meu talento, mas não tenho como comparar. Mas acredito na minha garra, disposição e capacidade de aprender. Nunca tive um treinamento no nível dos americanos, por isso sei que posso melhorar muito e ser, sim, um Globetrotter.
Desejo mostrar pra muitos que quando você quer ser alguém, não importa a maneira e nem os caminhos, Deus vai abrí-los para você. Independentemente de onde você more, ou quantos quartos tem a sua casa, ou quanto sua mãe ganha por mês. Se agir com força e não desistir nunca, vai conseguir. Dê o melhor de si, que Deus é justo.
Qual sua profissão, atualmente?
Sou atleta militar, da Marinha do Brasil, e faço faculdade de Educação Física.
O basquete no Brasil é profissão de poucos. Sempre tive que trabalhar pra me manter e o esporte esteve em meio à essa vida de muito trabalho. Terminei o estudo tarde, nunca ganhei muito dinheiro com o basquete, sempre o fiz por amor. Trabalhava e treinava de segunda a sexta, às vezes sábado. Algumas vezes em dois trabalhos, mas nunca desisti do meu sonho de ser um jogador profissional e dar o melhor para a minha família.
Como está se preparando para o Acampamento GLobetrotter?
Estou trabalhando minha habilidade, correndo, malhando e vendo vídeos dos Globetrotters. Não possuo muita habilidade, sempre treinei por conta própria e, por ter começado um pouco tarde, não tive tanto tempo pra chegar ao nível dos Globetrotters.
Meu estilo de jogo também não exige tanta habilidade. Jogo o basquete pelas regras oficiais, federado, e não temos o costume de fazer malabarismos. Mas sei alguns truques, por jogar nas ruas também. Jogo mais com a força, velocidade, impulsão e inteligência. E pretendo usar tudo que sei pra melhorar e ganhar a atenção dos treinadores, para trabalharem meus talentos.
O que o motiva neste concurso?
Amo minha mãe! Tenho que dar uma casa pra ela! Ela merece: deu sua casa por mim, quando tinha 11 anos. Naquela época, ela vendeu a casa que construiu com suas próprias mãos, pela metade do preço, só para poder me tirar da favela. Para ter certeza que eu não iria me envolver com as drogas.
Determinação não vai faltar pra conseguir essa vaga. Tenho vários motivos para me doar ao máximo pra me tornar um Globetrotter.
Fonte: http://www.harlemglobetrotters.com.br/entrevista-leandro-lima/
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